terça-feira, fevereiro 05, 2008

Quando chegaste enfim, para te ver
Abriu-se a noite em mágico luar;
E para o som de teus passos conhecer
Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar...

Chegaste, enfim! Milagre de endoidar!
Viu-se nessa hora o que não pode ser:
Em plena noite, a noite iluminar
E as pedras do caminho florescer!

Beijando a areia de oiro dos desertos
Procurara-te em vão! Braços abertos,
Pés nus, olhos a rir, a boca em flor!

E há cem anos que eu era nova e linda!...
E a minha boca morta grita ainda:
Por que chegaste tarde, ó meu Amor?!...


Florbela Espanca

8 comments:

Pitanga Doce disse...

Chegou tarde para Florbela. Chega tarde para muitas...ou passa e não o vemos.

beijos

Elvira Carvalho disse...

Muito triste, como todos os poemas de Florbela. Penso que foi alguém que passou pela vida, sem chegar a conhecer a Felicidade.
Um abraço

No Sexta-feira um desafio.

Anónimo disse...

Grande poetisa alentejana!

Dualidades JP

Anónimo disse...

Florbela Espanca em soneto.
Do melhor...

Angelik disse...

Lindo e profundo!

Rosa disse...

Haverá um "tarde de mais"?

O Livreiro disse...

Nunca é tarde para o amor.

Azula disse...

Um dos meus poemas preferidos.
Este e o SUPREMO ENLEIO!
Obrigada, Amiga, por este momento precioso.

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