domingo, abril 15, 2007
domingo, abril 15, 2007 |
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Dina |
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(...) O Alentejo foi-se tornando um imenso país vencido, entregue a si próprio, silencioso e mágico.
Lembro primeiro a extensão, o ondular a perder de vista, os tons quentes, castanho e encarnado, dourado e ocre.
A imobilidade dos sobreiros e azinheiras, as formas retorcidas dos olivais, desenhadas a tinta-da-china no horizonte imenso, e a espantosa luz envolvente, naquele acordo secreto que a terra fez com o céu e que é parte da magia alentejana. Passado o primeiro choque surge o silêncio. Definitivo. Total. Criando um espaço próprio, primeiro vazio, asfixiante e assustador. A alma perde-se. Encontra-se e perde-se novamente na vertigem do encontro. Não fosse o dourado da luz e a eterna imobilidade dos montados, não fosse o cheiro a vida que sobe do restolho e a passividade serena das árvores e dos animais, a alma fugiria espavorida perante a imensidão da descoberta. Assim, aproxima-se lentamente, segura da permanência, num misto de medo e de confiança infantil. E espera...
Aos poucos surge a paz. Hesitante. Ficou tanta coisa para trás, tanta solicitação, tanta angústia, tanto medo!! A vida parece tão longe e a luta tão urgente! E se, enquanto nos entregamos ao silêncio neste "País de Fadas", o tempo continua a passar e nos trai, lá fora? E se, nesta imobilidade, nesta paisagem desenhada em traços largos e indefinidos, neste compromisso que a terra e o céu encontraram para criar todo este espaço e toda esta doçura, este cheiro a mel e alecrim, este vibrar de vida invisível e forte, nós nos vamos perder e ficar prisioneiros para sempre?
Mas entretanto a alma cresceu, ajustou-se aos contornos, habituou-se à grandeza. A paz instalou-se, o espírito compraz-se no silêncio, os olhos mergulham no horizonte longínquo e bebem a luz e a vastidão. A calma é doce, convidativa, acolhedora. Eterna. A alma sente-se bem.
E fica.
É assim o meu País. É assim o Alentejo.
Lembro primeiro a extensão, o ondular a perder de vista, os tons quentes, castanho e encarnado, dourado e ocre.
A imobilidade dos sobreiros e azinheiras, as formas retorcidas dos olivais, desenhadas a tinta-da-china no horizonte imenso, e a espantosa luz envolvente, naquele acordo secreto que a terra fez com o céu e que é parte da magia alentejana. Passado o primeiro choque surge o silêncio. Definitivo. Total. Criando um espaço próprio, primeiro vazio, asfixiante e assustador. A alma perde-se. Encontra-se e perde-se novamente na vertigem do encontro. Não fosse o dourado da luz e a eterna imobilidade dos montados, não fosse o cheiro a vida que sobe do restolho e a passividade serena das árvores e dos animais, a alma fugiria espavorida perante a imensidão da descoberta. Assim, aproxima-se lentamente, segura da permanência, num misto de medo e de confiança infantil. E espera...
Aos poucos surge a paz. Hesitante. Ficou tanta coisa para trás, tanta solicitação, tanta angústia, tanto medo!! A vida parece tão longe e a luta tão urgente! E se, enquanto nos entregamos ao silêncio neste "País de Fadas", o tempo continua a passar e nos trai, lá fora? E se, nesta imobilidade, nesta paisagem desenhada em traços largos e indefinidos, neste compromisso que a terra e o céu encontraram para criar todo este espaço e toda esta doçura, este cheiro a mel e alecrim, este vibrar de vida invisível e forte, nós nos vamos perder e ficar prisioneiros para sempre?
Mas entretanto a alma cresceu, ajustou-se aos contornos, habituou-se à grandeza. A paz instalou-se, o espírito compraz-se no silêncio, os olhos mergulham no horizonte longínquo e bebem a luz e a vastidão. A calma é doce, convidativa, acolhedora. Eterna. A alma sente-se bem.
E fica.
É assim o meu País. É assim o Alentejo.
Maria Faria Blanc
(desconheço o autor da foto)
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4 comments:
Olá amiga! Posso chamar-te assim? (temos em comum mtas coisas até o amor pelo SCP, mas ñ será só por isto.) Obrigada pelo comentário e pela simpatia de me dares as boas vindas. Estive a espreitar o teu cantinho e adorei sobretudo a foto do "borracho" lá de baixo com luvas de guarda-redes (ih!ih!). Tb adoro animais e sou incapaz de os ver sofrer, ñ gosto de multidões (nem num jogo de futebeol) prfiro vê-los em casa, ñ gosto de gente hiócrita e sou amiga do meu amigo. Desejo-te então uma semana boa com tranquilidade e alegria. Um beijinho. Voltarei em berve.
Ah! esqueci-me de izer-te, tb estou do lado de cá logo a seguir á ponte mas já a caminho do Alentejo, onde as searas são douradas e o canto dos passarinhos se faz ouvir e onde as pessoas ainda sorriem para nós, com bondade no coração. Vou levar o teu link, sim? Bjs
Adorei andar pelo teu blog. Jhs
Mais verdura? Oh nãoooooooooo!!!!
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